Os juros exigidos pelos investidores para ficarem com dívida pública nacional
estão acima dos 6,9%, num dia de emissão crucial.

Nem as declarações feitas ontem pelos ministros das Finanças e da Economia acalmaram os mercados. É que o juro das OT a 10 anos portuguesas, com maturidade em 2020, avança até aos 6,962%, rumo aos 7%, a barreira que, segundo Teixeira dos Santos, nos separa do FMI. Esta é a linha de dívida pública portuguesa viva com maturidade a 10 anos mais negociada no mercado secundário.

No mesmo sentido, a 'yield' genérica das Obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos sobe para 6,811%.

Também o diferencial entre a dívida pública portuguesa e as ‘bund' alemãs com a mesma maturidade agrava-se até aos 438,1 pontos.

Isto num dia em que o Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP) vai realizar a última operação de financiamento do ano, pedindo aos mercados que comprem Obrigações do Tesouro português a seis e a dez anos, num valor total entre os 750 e os 1250 milhões de euros.

Ontem, os juros de Portugal ultrapassaram momentaneamente a barreira dos 7%. Perante esta situação, Vieira da Silva tentou acalmar os ânimos. O ministro da Economia garantiu aos deputados que "não há nesta área nenhum número mágico a partir do qual signifique a intervenção de organismos internacionais". Um discurso mais cauteloso do que o de Teixeira dos Santos, que há um mês arriscou lançar um número para o mercado: "Com taxas de juro que se aproximem dos 7% entramos num terreno onde essa alternativa [o recurso à ajuda externa] começa a colocar-se", avisou o ministro das Finanças, em entrevista ao Expresso.

Cavaco também falou, ontem, sobre a escalada dos indicadores de risco da dívida nacional, considerando que "a retórica de ataque aos mercados internacionais não cria um único emprego, nós devemos fazer o trabalho que nos compete por forma a reduzir a nossa dependência do financiamento externo sempre com uma grande preocupação de distribuir com justiça os sacrifícios que são pedidos aos portugueses".

Analistas contactados pelo Económico atribuem a subida do juro de Portugal sobretudo a quatro factores: problemas internos relativos ao Orçamento, o corte da Fitch ao ‘rating' da banca nacional, o efeito de contágio irlandês e uma proposta da Alemanha.

Mas os indicadores de risco de Portugal não são os únicos que sobem no dia de hoje. Também o juro das OT a 10 anos irlandesas avança até aos 7,78%, ao mesmo tempo que o ‘spread' atinge um novo máximo da era do euro nos 579 pontos base.

Fonte: economico