O FMI diz que Portugal será obrigado a pedir internacional ajuda uma vez que os mercados estão a apostar na falência quase certa do País.

Portugal está a ser empurrado para o abismo pelos mercados onde operam investidores e especuladores de dívida pública, reconhece o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Num estudo apresentado ontem, citado pelo "i", o FMI diz que os mercados já estão a apostar numa falência "quase certa" do país, que assim será obrigado a recorrer ao fundo de apoio do FMI e da União Europeia (UE), à imagem da Grécia.

Isto apesar de reconhecer que as melhorias previstas nas contas públicas até são significativas, e que, em condições normais, dariam resultados positivos no alívio das restrições no crédito.

A instituição liderada por Strauss-Kahn revela que, na verdade, "a ocorrência de eventos de crédito em algumas economias avançadas é quase certa" aos olhos dos mercados.

Explica o jornal que um "evento de crédito" pode ser a falência de um país ou a ocorrência de falhas graves no pagamento das prestações devidas aos credores internacionais. Portugal, Grécia e Irlanda são apontados como os países onde a situação é mais negra.

O Fundo lamenta que os mercados possam estar a "sobrestimar" o risco de incumprimento (default) dos países problemáticos, mas considera que a probabilidade de ocorrerem estes eventos é mais elevada hoje do que no passado.

"O risco de materialização destes eventos permanece elevado em termos históricos no que respeita às economias avançadas - especialmente aquelas que já estão sob pressão dos mercados", escreve o FMI.

A instituição internacional afirma ainda que "o crescente pessimismo [dos mercados] afectou alguns países da área do euro". Depois, "o sentimento estabilizou em Maio-Junho nos países sob pressão (Grécia, Irlanda, Portugal)" com a criação do fundo de ajuda europeu, mas "os receios dos investidores reemergiram recentemente, apesar das perspectivas orçamentais terem melhorado a um ritmo muito mais rápido que o esperado".

Fonte: Económico   05/11/2010